Como o dia 21/03 é considerado o dia internacional contra a
discriminação racial vamos falar da juventude negra? Para onde vai à juventude
negra no Estado da Bahia? Um dos estados brasileiros considerado como o berço
da cultura e dos valores africanos, a Bahia, tem revelado enormes
contradições!
O respeito, a valorização da vida e
da cultura tem apenas uma só cor. Pretos e pardos, geralmente, se concentram em
regiões periféricas, ou precárias, recebem os piores salários, tem o menor
acesso aos cargos de direção/chefia, a educação e a níveis de escolaridade mais
elevados; estão em maior número nos presídios e cadeias, cumprindo medidas
socioeducativas e lideram os índices de morte por assassinato. São vítimas
preferenciais, marcadas desde o nascimento pela cor, gênero, idade e
território.
A cor/”raça”/etnia determina, em
nosso país, o acesso a cultura, a educação, ao trabalho e renda, a segurança
etc. É possível perceber, portanto, o processo de segregação racial.
A Bahia, depois do estado do Pará,
ocupa o segundo lugar no ranking nacional com 76,3% autodeclarados pretos e
pardos. O estado está na sexta posição em homicídios contra negros em todo
o país, com um percentual de 47,3 para cada cem mil pessoas, enquanto entre os
não negros esse índice é de 11,3 para cem mil!
Como continuar nos recusando a
enxergar essa dura realidade?
Em tempos de discussão da
redução da maioridade penal, precisamos considerar esses fatos. Precisamos
abrir nossos olhos para ver além do que vem apregoando a grande mídia aliada a
deputados e senador
es sensacionalistas, descomprometidos e desconhecedores da luta pelos
direitos da criança e do adolescente que defendem a redução da maioridade
penal.
A Bahia precisa definir, através de
políticas públicas efetivas, para onde deseja que vá a sua juventude negra, de
maneira a preservar a própria sobrevivência da cultura de um povo, de um
estado.
Dados e informações: Prof. Dr.
Reginaldo de Souza Silva, coordenador do Núcleo de Estudos da Criança e do
Adolescente – NECA/UESB, Profa. Dra Leila Pio Mororó – NEFOP/PPGEd-UESB. Dados
do IBGE.