Cada letra da sigla LGBTQIA+ agrega um
grupo de pessoas que se reconhece por uma orientação sexual ou uma identidade
de gênero diversa daquelas que a sociedade convencionou como únicas (orientação
heterossexual; gêneros masculino e feminino). Ela é a evolução de GLS (gays,
lésbicas e simpatizantes), de GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transexuais) e
LGBT.
Junho de 2020 foi o 50º Mês do Orgulho LGBTQIA+. Desde 1970, todo mês de junho é dedicado a celebrar o que a comunidade já conquistou e reivindicar o que ainda falta. E é também um período de promoção de ações afirmativas, para educar as pessoas sobre a diversidade de orientações sexuais e identidades de gênero.
Desvendando a sigla:
L, G, B: Como se sabe, o L diz respeito
às lésbicas e o G, a gays, mulheres e homens,
respectivamente, que sentem atração afetivo-sexual por pessoas do mesmo gênero
que o seu; enquanto o B representa as
pessoas bissexuais, que sentem atração
afetivo-sexual por homens e mulheres. Até aqui, a sigla agrega grupos por orientações
sexuais.
T: A partir do T, a sigla acolhe identidades de gênero dentro do amplo espectro de
diversidade. Na primeira letra estão incluídos transgêneros, transexuais e travestis: pessoas que se
identificam com um gênero diferente do que foi designado no nascimento. É o
oposto da pessoa cisgênero (termo comumente usado na abreviação “cis”, que diz
das mulheres e dos homens que se reconhecem conforme seu gênero de nascimento).
Uma pessoa transgênera se enxerga e se coloca para além do gênero a que
foi designada no nascimento. Ela transgride os códigos sociais e culturais
construídos e atribuídos a cada gênero, uma vez que transita entre eles.
A pessoa transexual tem uma expressa não-conformidade com o gênero
designado no nascimento, ao mesmo passo que se identifica com o oposto.
Mulheres e homens transexuais empreendem mudanças no corpo para se sentir no
gênero adequado.
Sobre travesti, há um entendimento de que seja o mesmo que transexual;
sendo que o uso do termo seria anterior à difusão de informações sobre a
transexualidade, que é recente. Também por isso (a ignorância sobre o assunto)
teria resultado numa marca social: “travesti” é mais comum nas classes sociais
mais baixas e marginalizadas.
Mas, para além dessa análise, há também a compreensão de que travesti é
uma outra identidade de gênero, porque, apesar de transitar pelo gênero oposto,
a travesti não se sente, de fato, em não-conformidade com o gênero masculino
(como foi designado no nascimento) nem se sente, propriamente, do gênero
feminino (como se traveste), diferentemente de mulheres trans.
Transgêneros, transexuais e travestis têm sido reunidos no termo transvestigênere.
Q: Continuando a desvendar a sigla, o Q é de queer –
quem transita entre os gêneros feminino e masculino, e mesmo em outros gêneros
fora da binaridade masculino-feminino (o chamado não-binário). A teoria queer afirma
que a orientação sexual e a identidade de gênero são resultado de uma
construção social, e não de uma funcionalidade biológica.
I: O que é mais recente, diz respeito ao intersexo – identidade de gênero
de pessoas cujo desenvolvimento sexual corporal (seja por hormônios, genitais,
cromossomos ou outras características biológicas) é não-binário; ou seja, não
se encaixam na forma binária masculino-feminino.
A: O A volta a se referir a orientação sexual. Agrega os assexuais, aqueles
que não sentem atração afetivo-sexual por outra pessoa, independente de
orientação sexual e de identidade de gênero.
+: Por fim, o sinal de mais (+), que há uns anos foi
incorporado à sigla, abriga outras possibilidades de orientação sexual e
identidade de gênero que existam. É o caso da pessoa que, do ponto de vista da
orientação sexual, se define como pansexual, pessoa que sente atração afetivo-sexual independente da identidade de
gênero da pessoa – seja mulher ou homem, cis ou trans, ou mesmo de outro
gênero, como é o intersexo. É a orientação sexual mais fluida. A propósito, a
sigla também já tem aparecido escrita com o P ao fim: LGBTQIAP+.
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