Estudante
foi mantida em cárcere privado por 6 meses: 'ele chegou a beber meu sangue de
uma das porradas que me deu'
Deisiane foi resgatada pelo pai, que a achou amarrada na cama (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) |
As
tatuagens no braço direito da estudante Deisiane Souza Cerqueira, 18 anos, não
foram as únicas marcas deixadas no corpo dela pelo tatuador Marcos Alexandre da
Silva, 35, com quem havia iniciado o namoro há oito meses, em Camaçari, Região
Metropolitana de Salvador (RMS).
Ele
também deixou nela o rosto desfigurado e cicatrizes espalhadas no pescoço,
costas e pernas, fruto de sessões diárias de murros, facadas, queimaduras
de cigarro, mordidas e outras agressões físicas, que começaram logo após os
dois primeiros meses da relação. Deisiane ainda sofreu tortura psicológica:
durante os seis meses em que foi mantida em cárcere privado, foi ameaçada de
morte diariamente.
Os dois se conheceram há oito meses, numa praça em
Abrantes, num encontro de jovens. Já as agressões começaram há seis meses,
quando Marcos passou a morar com Deisiane na casa dela. Antes, a estudante
vivia com os pais, mas, há cinco anos, quando eles se separaram, a jovem
decidiu ficar com a mãe, que se mudou pouco tempo depois para o bairro Gravatá.
Sozinha, a estudante decidiu convidar o namorado para morar com ela, no bairro
PHOC II.
O pesadelo durou seis meses até que, na última terça-feira
(19), Deisiane foi resgatada pelo pai, o taxista Robson Cerqueira Santos, 43.
Ele disse ao CORREIO que desconfiava que havia alguma coisa errada com
filha, já que tinha muita dificuldade de conseguir contato com ela.
Segundo Robson, era o namorado da garota quem atendia o celular todas as vezes
que ele ligava, inventando desculpas para que os dois não se falassem.
“Ele falava que ela estava em Salvador
cuidando da avó dele. Era a mesma história sempre. Os avós maternos dela
moravam no andar superior da casa, mas nada escutavam, porque ela sofria
calada. Ele dizia que, se ela gritasse, a mataria com facadas e mataria também
os avós”, contou o
pai.
Desconfiado,
Robson foi à casa da filha e encontrou uma luz acesa. Ao se aproximar e chamar
pela primeira vez o nome de Deisiane, a cadela da família, Nina, começou a
latir. “Nina reconheceu minha voz e latiu com muita força”, contou.
Nesse
momento, o namorado não estava no imóvel. “Foi quando escutei o pedido de
socorro de minha filha. Ela gritava meu nome. Então, arrombei a porta com o pé
e encontrei ela naquele jeito deplorável”, declarou.
Robson
encontrou a filha bastante machucada. “Ela estava amarrada numa cama, presa por
uma corda. Estava muito fraca, sem comer, cheia de marcas pelo corpo. Foi
terrível ver a minha filha naquele estado. Carreguei ela nos braços e tirei
dali. Depois, fomos à delegacia registrar o caso”, contou o pai da jovem.
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