A assessoria do deputado federal Jean
Wyllys (PSOL-RJ) informou na quinta-feira (24) que o parlamentar não tomará
posse para o novo mandato.
Ao G1, a
assessoria de Jean Wyllys informou que ele tem recebido ameaças e, por isso,
decidiu não assumir o terceiro mandato parlamentar. A posse dos deputados
federais eleitos está marcada para 1º de fevereiro. Jean Wyllys recebeu 24.295
votos na eleição de outubro.
Em uma rede social, Jean Wyllys publicou
nesta quarta: "Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta
por dias melhores. Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando
chegar o novo tempo, não importa que façamos por outros meios! Obrigado a todas
e todos vocês, de todo coração. Axé!"
Homossexual assumido, Jean Wyllys tinha
como principais bandeiras pautas relacionadas às causas LGBT e para minorias. De
acordo com a Secretaria-Geral da Câmara, o suplente de Jean Wyllys é o vereador
carioca David Miranda (PSOL-RJ). Mais cedo, nesta quinta, Jean Wyllys concedeu
entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo" na qual informou que está no
exterior e não pretende voltar ao Brasil. Na entrevista, o deputado diz que tem
sofrido ameaças de morte.
O [ex-presidente do Uruguai] Pepe Mujica, quando soube que eu estava
ameaçado de morte, falou para mim: 'Rapaz, se cuide. Os mártires não são heróis'.
E é isso: eu não quero me sacrificar", disse Jean Wyllys à
"Folha".
Ainda ao jornal, Jean Wyllys disse que o
PSOL, partido ao qual é filiado, reconhece que ele se tornou um
"alvo" e apoiou a decisão dele de não retornar ao Brasil.
Ao G1, a assessoria
de Jean Wyllys afirmou que há uma campanha "muito pesada" contra o
deputado, que dissemina conteúdo falso sobre ele na internet o associando, por
exemplo, à pedofilia, ao casamento de adultos com crianças e à mudança de sexo
de crianças.
De
acordo com a assessoria de Jean Wyllys, o volume de ameaças contra o deputado
aumentou após o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), em março do ano passado. Na
Câmara dos Deputados, Wyllys era alvo constante de provocações por parte dos
colegas parlamentares e, durante as sessões no plenário e nas comissões, chegou
a bater boca diversas vezes com adversários.
O episódio mais polêmico ocorreu durante
a votação da abertura do processo de impeachment da então presidente Dilma
Rousseff, em 2016. Wyllys cuspiu no
então deputado Jair Bolsonaro e foi punido pelo Conselho de
Ética da Câmara com uma censura
escrita.
O mesmo fato gerou outras duas
representações do PT no Conselho de Ética, contra o deputado Eduardo Bolsonaro
(PSC-SP).
A primeira representação acusava Eduardo
Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro de ter revidado o cuspe dado em seu pai ao
cuspir de volta em Jean Wyllys. A segunda dizia que ele havia editado e
divulgado um vídeo que dava a entender que o deputado do PSOL havia premeditado
o cuspe e não que tivesse sido uma reação. Ambos os processos acabaram
arquivados.
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