quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

'Educação é o maior instrumento de libertação', diz professora do Complexo Penitenciário da Mata Escura.



Com benefício de progressão de pena, estudo é uma das principais formas de ressocialização do conjunto penal da capital. G1 conta história de detentos estudantes e traça perfil educacional dos internos na Bahia.Por Itana Alencar, G1 BA


"A educação é o contato que eles [detentos] têm com a liberdade. A educação pode salvar. Através dos livros, de uma nova forma de ver o mundo". A frase é da professora Conceição Nascimento, que está entre os 55 educadores do Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador.

O estudo é um dos meios de ressocialização no conjunto penal da capital. Além dos diplomas de formação dos ensinos Fundamental (I e II) e Médio, na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), estudar concede aos internos o benefício da progressão de pena: a cada três dias estudados (12h), os detentos têm um dia de diminuição da prisão.
A unidade escolar do conjunto penal é o Colégio Professor George Fragoso Modesto, antiga Escola Especial da Penitenciária Lemos Brito. Dos cinco dias úteis da semana, os estudantes têm aula em quatro – o quinto é dedicado à visita das famílias.

 Foto: Itana Alencar/G1 BA
Um dos estudantes do complexo é a carioca Narriman Caroline Pereira, de 21 anos. Criada na cidade de Ibirapitanga, no sul da Bahia, ela está no Conjunto Penal Feminino de Salvador desde setembro de 2018, onde cumpre pena de 5 anos e 10 meses por tráfico de drogas.
"Se eu não estudasse, não ajudaria a baixar minha pena. Então me ajuda tanto na remição [processo de liberdade], quanto em me dar sabedoria. Eu estudo pensando primeiramente em conhecimento, mas estudo porque ajuda a baixar a pena também", disse Narriman.
"O estudo aqui dentro representa uma força para mim" – Narriman Caroline, detenta.
Narriman conta ainda que o estudo dentro do presídio, junto com o apoio das professoras, ajuda a enfrentar as dificuldades de ser privada da liberdade.

"Eu já estudava, mas aqui eu comecei a estudar mais ainda. Quero saber mais um pouco e isso vai me ajudar lá fora, através do presídio. Estar aqui é uma prova de sobrevivência. Eu tento pensar que isso aqui não é um presídio. As professoras também me dão conselhos. Quando eu preciso de alguma coisa, eu escuto a palavra das professoras, que me ajudam também".


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