Lula nega acusação de obstrução à Justiça e diz que sofre ‘quase um massacre’.
Ex-presidente
depõe pela primeira vez como réu em Brasília.O ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva negou em seu depoimento à 10ª Vara da Justiça Federal de
Brasília a acusação
que lhe é feito de ter atuado para impedir a delação premiada de Nestor
Cerveró. Ele afirmou nesta terça-feira que vem sofrendo nos últimos três anos
"quase que um massacre" pela série de acusações que lhe são
dirigidas. É o primeiro depoimento de Lula na condição de réu.
— Há mais
ou menos três anos tenho sido vítima de quase que um massacre — disse Lula.
— Estou orgulhoso e prazeroso de estar
aqui e contar a versão desse fato. Me ofende profundamente a informação de que
o PT é uma organização criminosa — afirmou.
Lula
afirmou que o ex-senador Delcídio Amaral disse uma inverdade ao envolvê-lo no
caso. O ex-presidente disse que Delcidio deve ter ficado incomodado por ter
sido chamado de "imbecil" quando o ex-senador apareceu em uma gravação
falando de tentativas de interferir em decisões do Supremo Tribunal Federal
(STF).
— Me
parece que não gostou da minha declaração. Não quis ofendê-lo — afirmou.
O
ex-presidente disse ter ouvido falar que há um incentivo para que os delatores
citem o seu nome.
— Por tudo
que ouço na imprensa tem alguém instigando a falar meu nome. É bem possível. Vi
entrevista dele na Globonews e parecia que tinha recebido um prêmio Nobel da
delação, vi no Roda Viva também. Depois que faz a bobagem que fez, se é que
fez, ele teria que jogar no colo de alguém. Minha relação com Delcídio era
institucional — afirmou.
'EU
NÃO, ELE'
Lula
afirmou que Delcídio era quem tinha relação com Cerveró, e não ele. O
ex-presidente relatou ainda como seriam os processos de indicação para diretorias
da Petrobras destacando que as nomeações eram técnicas e que a decisão final
era do Conselho de Administração da Petrobras.
Ele foi questionado pelo juiz Ricardo
Leite sobre uma declaração sua no passado de que acompanhava tudo que acontecia
na Petrobras. Lula reiterou o processo de escolha dos diretores.
— O
presidente não indica, recomenda ao Conselho a indicação de tal pessoa
recomendada por tal partido político a partir da capacidade técnica. Era assim
que funcionava no governo anterior, no governo militar e deve funcionar hoje —
afirmou.
Lula
afirmou que não existia burocracia no Instituto Lula e que realizava reuniões
tanto relativas ao trabalho da instituição quanto para debater política.
— Deveria
ter alugado uma sede do lado e quando discutisse uma coisa ia numa cadeira e
outra em outra cadeira. É uma burocracia. Eu sou o mesmo ser humano — afirmou.
O ex-presidente
brincou que havia até um apelido para o instituto com base na diversidade de
assuntos que eram tratados lá, provocando risos na sala.
— Sabe
qual era o apelido do instituto? Posto Ipiranga. Lamentavelmente era assim. não
era por causa do Instituto, era do personagem. Tem problema em tal lugar? Vai
no posto Ipiranga. Tenho orgulho disso — disse.
Lula fez
ainda um desabafo reclamando das acusações a que tem respondido.
— Sabe o
que é levantar todo dia com a imprensa está na porta de casa achando que você
vai ser preso? — questionou.
LAVA-JATO
‘ QUE VÁ FUNDO’
O
ex-presidente afirmou que deseja que a Lava-Jato "vá fundo", mas sem
vazamentos.
— Tem gente que acha que sou contra a
Lava-Jato, mas pelo contrário, quero que vá fundo para ver se acaba com a
corrupção. Sou contra querer fazer pela imprensa e não pelos autos — disse.
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