Operação Carne Fraca: perguntas e respostas sobre a operação da PF nos frigoríficos.
Tem papelão na carne? Estão vendendo produtos
vencidos? Há risco para a população? Veja o que se sabe e o que ainda não foi
explicado.
A megaoperação da Polícia Federal, na última
sexta-feira (17), desmontou um esquema de funcionários do Ministério da
Agricultura que teriam recebido propina para liberar carne para venda sem
passar pela devida fiscalização. A operação aconteceu em 6 estados e no DF, com 35 pessoas presas – e há ainda dois
investigados foragidos. O Ministério da Agricultura afastou 33 servidores envolvidos no
esquema.
A possibilidade de que produtos adulterados e até vencidos podem ter ido
parar na mesa da população deixou o país em alerta, mas muita coisa ainda não
foi explicada pelos investigadores da operação Carne Fraca.
Veja
o que já se sabe e o que ainda não foi esclarecido na operação:
O
que a operação Carne Fraca descobriu?
Um esquema que envolvia funcionários do Ministério da Agricultura em
Goiás, Minas Gerais e Paraná que receberiam propina para liberar carne para
comercialização sem a fiscalização adequada. O esquema também envolvia
funcionários de alguns frigoríficos. Segundo o delegado Maurício Moscardi
Grillo, da PF, as irregularidades encontradas nos frigoríficos vão desde uso de produtos químicos para mascarar
carne vencida a excesso de água para aumentar o peso dos produtos.
Quais
marcas cometeram irregularidades? Alguma está proibida?
A PF fez busca e apreensão em 21 frigoríficos, mas ainda não especificou
em quais deles foram flagradas irregularidades na produção. Também não há
recomendação oficial para que alguma marca específica seja evitada.
Foi
encontrado papelão na carne?
Uma das
gravações feitas pela PF durante a operação foi apresentada como indício de que
haveria papelão em produtos da BRF, empresa dona de marcas como Sadia e
Perdigão. Na ligação entre funcionários da empresa, um deles diz: "O
problema é colocar papelão lá dentro do cms também né. Tem mais essa ainda. Eu
vou ver se eu consigo colocar em papelão. Agora, se eu não consegui em papelão,
daí infelizmente eu vou ter que condenar".
Em nota, a
empresa afirmou que a interpretação da gravação é um "claro e gravíssimo
erro" e que o funcionário se referiu às embalagens do produto, e não ao
seu conteúdo, como disse a PF.
Estão vendendo carne vencida?
A PF afirmou, ao anunciar a operação, que os frigoríficos estariam
usando produtos químicos, entre eles o ácido ascórbico, para maquiar o aspecto de carnes vencidas que
era comercializada. O Ministério da Agricultura afirmou que o uso do ácido
ascórbico não é proibido por lei, desde que esteja dentro das normas
estabelecidas.
Foi
usada cabeça de porco em produtos?
Em uma das gravações divulgadas pela PF, o dono de uma das empresas
investigadas, Idair Antônio Piccin, conversa ao telefone com a mulher, Nair
Klein Piccin, sobre o uso de cabeça de porco em lotes de linguiça. Segundo a
PF, a prática seria ilegal. O médico veterinário Pedro Eduardo de Felício,
especialista em carnes da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp,
afirmou ao Jornal Hoje que a carne de cabeça é
permitida no mundo. "É matéria-prima. Quando você industrializa, faz
embutidos, é para aproveitamento em matérias-primas de menor custo", diz.
Foi
encontrada carne com a bactéria Salmonella?
Segundo as investigações da PF, uma fábrica da BRF em Mineiros (GO)
estaria contaminada com a bactéria salmonella e ainda assim teria exportado
carne para a Europa. A empresa afirma no texto que “a BRF não incorreu em
nenhuma irregularidade”, já que “o tipo de Salmonella encontrado em alguns
lotes desses quatro contêineres [de carne exportada] é o Salmonella Saint Paul,
que é tolerado pela legislação europeia para carnes in natura”.
A
carne brasileira foi barrada no exterior?
Nesta segunda-feira (17), diante da repercussão da operação, União
Europeia, China e Coreia do Sul anunciaram restrições temporárias à entrada de carne brasileira –
esses países foram o destino de 27% da carne exportada pelo Brasil em 2016. O
Chile também suspendeu tenporariamente a exportação de carne brasileira. No fim
da tarde, o ministro da Agricultura, Blario Maggi, afirmou que proibiu, preventivamente, a exportação de carnes
produzidas pelos 21 frigoríficos investigados na operação Carne
Fraca. A comercialização dentro do Brasil foi mantida.
Há
risco para o consumidor?
Ainda não
houve nenhuma recomendação oficial para a suspensão do consumo de carne, nem a
PF nem o Ministério da Agricultura afirmaram que há risco para os consumidores.
A
Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e a
Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) criticaram nesta segunda-feira
(20) a maneira como a PF divulgou os resultados da operação Carne
Fraca. "Passou uma imagem generalizada de que tudo no Brasil é
ruim, e não é isso", afirmou Francisco Turra, da ABPA.
Ao comentar
a operação nesta segunda, o presidente Temer defendeu o setor, disse que
os frigoríficos investigados representam um "pequeno núcleo" e que o
país tem um sistema "rigorossísimo" de avaliação sanitária.
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