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Brasil é um país com índices baixos (6 casos por 100 mil habitantes, contra 12
da média mundial), mas vive um momento delicado. Enquanto os índices têm caído
na maioria dos países, as taxas brasileiras avançam. Entre 2002 e 2012, o
número de casos subiu 34%. Entre adolescentes de 10 a 14 anos, o aumento chegou
a 40%, de acordo com o último levantamento do Mapa da Violência.
Talvez você nunca tenha ouvido falar nesses
dados desoladores. É porque o suicídio costuma vir acompanhado de um fator que
contribui para
o seu alastramento: o silêncio. Não é agradável falar sobre quem
se matou ou tentou se matar. Ao mesmo tempo, discutir o assunto – e entender os
fatores que levam a ele – são as únicas armas que temos contra o suicídio.
De
acordo com um estudo da Unicamp, 17% das pessoas já pensaram seriamente em pôr
fim à própria vida: 4,8% elaboraram algum tipo de plano para cometer suicídio e
2,8% tentaram executá-lo. Quando alguém se suicida, é comum que se procure um
grande causador da tragédia: falência, perda de parente, um vídeo íntimo que
cai na rede.
Segundo
a OMS, 90% das pessoas que se suicidam apresentavam algum desequilíbrio, como
depressão, transtorno bipolar, dependência de substâncias e esquizofrenia – e
10% a 15% dos que sofrem de depressão tentam acabar com a vida.
Ainda assim, a OMS defende que 90% dos
suicídios poderiam ser evitados. O desafio é cuidar das doenças mentais como
cuidamos das outras doenças. Cerca de 60% das pessoas que se suicidam nunca se
consultaram com um psicólogo ou psiquiatra. Doença mental é apenas mais uma
doença – e uma que pode causar o suicídio. Parece óbvio que o assunto deve ser
visto como um problema de saúde pública.
Reconheça
os sinais:
Frases ou publicações nas redes sociais que falem
de solidão, isolamento, culpa, apatia, autodepreciação, desejo de vingança ou
hostilidade fora do comum. Coisas como:
“Não faço nada direito, sou um lixo”, “Não quero
sair da cama nunca mais”, “Mais uma madrugada sem sono”, “Quero que todo mundo
se dane”, “Vocês não vão precisar mais se preocupar comigo”
Impulsividade: aumentar o uso de álcool ou drogas,
mudanças drásticas de peso, dirigir perigosamente. Uso frequente de emojis
negativos. Perguntas sobre métodos letais, como facas,
armas ou pílulas. Enaltecer e glamorizar a morte. Desfazer-se de objetos pessoais e dar adeus.
Ombro
amigo:
Mostre que você se importa, que a pessoa não está sozinha.
Ofereça ajuda sem julgar ou dar conselhos: Diga: “estou preocupado com você.
Quer conversar? O que posso fazer para te ajudar?” Não compare sofrimentos: não exija que o seu amigo se sinta alegre
por ter menos problemas que outras pessoas. Cada um lida com os sentimentos de
forma particular. Pergunte se seu amigo cogita se
matar. Se a resposta for “sim”, não entre em pânico. Compartilhar pensamentos
suicidas pode aliviar a sensação de isolamento. O melhor caminho é sugerir auxílio profissional. Por exemplo:
“tudo bem se não quiser se abrir comigo, quer ajuda para encontrar um
psicólogo?”
Em caso de emergência:
Ao ver uma postagem suspeita, notifique o Facebook e entre em
contato com o amigo. Se alguém ameaçar tirar a própria vida, sempre
leve a sério: ligue para o 190 ou acompanhe seu amigo pessoalmente até a
emergência mais próxima. Depois de uma ameaça de
suicídio, entre em contato periodicamente com a pessoa.
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