segunda-feira, 1 de outubro de 2018

SUICÍDIO: Uma epidemia silenciosa.



O Brasil é um país com índices baixos (6 casos por 100 mil habitantes, contra 12 da média mundial), mas vive um momento delicado. Enquanto os índices têm caído na maioria dos países, as taxas brasileiras avançam. Entre 2002 e 2012, o número de casos subiu 34%. Entre adolescentes de 10 a 14 anos, o aumento chegou a 40%, de acordo com o último levantamento do Mapa da Violência.

Talvez você nunca tenha ouvido falar nesses dados desoladores. É porque o suicídio costuma vir acompanhado de um fator que contribui para o seu alastramento: o silêncio. Não é agradável falar sobre quem se matou ou tentou se matar. Ao mesmo tempo, discutir o assunto – e entender os fatores que levam a ele – são as únicas armas que temos contra o suicídio.

De acordo com um estudo da Unicamp, 17% das pessoas já pensaram seriamente em pôr fim à própria vida: 4,8% elaboraram algum tipo de plano para cometer suicídio e 2,8% tentaram executá-lo. Quando alguém se suicida, é comum que se procure um grande causador da tragédia: falência, perda de parente, um vídeo íntimo que cai na rede.

Segundo a OMS, 90% das pessoas que se suicidam apresentavam algum desequilíbrio, como depressão, transtorno bipolar, dependência de substâncias e esquizofrenia – e 10% a 15% dos que sofrem de depressão tentam acabar com a vida.  
Ainda assim, a OMS defende que 90% dos suicídios poderiam ser evitados. O desafio é cuidar das doenças mentais como cuidamos das outras doenças. Cerca de 60% das pessoas que se suicidam nunca se consultaram com um psicólogo ou psiquiatra. Doença mental é apenas mais uma doença – e uma que pode causar o suicídio. Parece óbvio que o assunto deve ser visto como um problema de saúde pública.

Reconheça os sinais:

Frases ou publicações nas redes sociais que falem de solidão, isolamento, culpa, apatia, autodepreciação, desejo de vingança ou hostilidade fora do comum. Coisas como:
“Não faço nada direito, sou um lixo”, “Não quero sair da cama nunca mais”, “Mais uma madrugada sem sono”, “Quero que todo mundo se dane”, “Vocês não vão precisar mais se preocupar comigo”
Impulsividade: aumentar o uso de álcool ou drogas, mudanças drásticas de peso, dirigir perigosamente. Uso frequente de emojis negativos. Perguntas sobre métodos letais, como facas, armas ou pílulas. Enaltecer e glamorizar a morte. Desfazer-se de objetos pessoais e dar adeus.

Ombro amigo:

Mostre que você se importa, que a pessoa não está sozinha. Ofereça ajuda sem julgar ou dar conselhos: Diga: “estou preocupado com você.  Quer conversar? O que posso fazer para te ajudar?” Não compare sofrimentos: não exija que o seu amigo se sinta alegre por ter menos problemas que outras pessoas. Cada um lida com os sentimentos de forma particular. Pergunte se seu amigo cogita se matar. Se a resposta for “sim”, não entre em pânico. Compartilhar pensamentos suicidas pode aliviar a sensação de isolamento. O melhor caminho é sugerir auxílio profissional. Por exemplo: “tudo bem se não quiser se abrir comigo, quer ajuda para encontrar um psicólogo?”

Em caso de emergência:
Ao ver uma postagem suspeita, notifique o Facebook e entre em contato com o amigo. Se alguém ameaçar tirar a própria vida, sempre leve a sério: ligue para o 190 ou acompanhe seu amigo pessoalmente até a emergência mais próxima. Depois de uma ameaça de suicídio, entre em contato periodicamente com a pessoa.



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