sexta-feira, 15 de maio de 2020

132 anos de abolição: A luta pela nossa liberdade continua…


Mas, afinal, que tipo de “Liberdade” conquistamos? Como usufruir esta tal liberdade em meio a tanta desigualdade social?
Depois da abolição, não foram implementadas medidas para inserir a população negra na sociedade. Não houve, por exemplo, nenhuma ação para viabilizar o acesso à terra e à moradia e os negros tinham que disputar o mercado de trabalho com os brancos e imigrantes – na maior parte das vezes mais qualificados e sem carregar o ranço da escravidão recente. Os libertos também ficavam às margens das políticas de saúde e educação, impedindo que eles exercessem uma verdadeira cidadania.
"Somos a principal força de trabalho 54,9% e mesmo assim 64,2% estão desempregados (depois desta pandemia, este número irá aumentar). 47,3% das pessoas ocupadas que se declaram pretos e pardos estão em trabalhos informais, sem garantia dos seus direitos trabalhistas (IBGE, 2018). 
As taxas de pobreza e de pobreza extrema são maiores entre a população negra, respectivamente: 32,9% e 8,8%.  A taxa de analfabetismo entre negros de 15 anos é mais que o dobro em comparação a de jovens brancos da mesma idade. Na região Norte e Nordeste este dado é ainda mais alarmante. 
Negros e negras são as maiores vítimas de homicídios no Brasil. Nós mulheres negras somos as vítimas mais recorrentes de homicídios. 61% das mulheres que sofreram feminicídio no Brasil eram negras. Nas penitenciarias, somos maioria com 64% de jovens negros, pobres e de baixa escolaridade (Infopen, 2016).
Quando se fala de representatividade em cargos públicos de poder, os números caem desenfreadamente. Na política, somos minoria no Poder Legislativo, apenas 24,4% dos deputados federais e 28,9% dos deputados estaduais eleitos em 2018 eram negros. E para as mulheres os dados não são nada animadores, dos 513 parlamentares, apenas 10 eram mulheres negras. No Judiciário a diferença é gritante, somente 1,4% dos magistrados são pretos.
No ensino superior temos ocupado mais espaços, é notório certo aumento nas matrículas das instituições públicas de ensino superior, mas ainda somos minoria nos cursos de maior prestígio social como direito e medicina (IBGE, 2018). Boa parte dessas estatísticas já foram bem piores, mas não cansaremos de lutar por mais oportunidades e reconhecimento social, afinal “a liberdade é uma luta constante” como diz, Angela Davis."

Autora: Eliete Mota Ferreira
Mestre em História pela Universidade Estadual da Bahia-UNEB e atua como Educadora social no muncípio de Riachão do Jacuípe-BA.

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